É possível aumentar a longevidade, em termos de tempo de vida? Parte 1: Telômeros

O tema “envelhecimento” se tornou muito popular nas últimas décadas, crescendo como área de estudo. A razão para que isso aconteça é muito simples, a humanidade está presenciando um aumento íngreme na expectativa de vida dos seres humanos desde o início do século 20.

Fizemos um excelente progresso em relação à expectativa de vida e o que é mais importante, não há indícios de que tenhamos atingido os limites da nossa vida útil. Cerca de cem anos atrás, a principal contribuição para um aumento no tempo de vida foi uma sobrevivência muito melhor e mais adaptada nos seres humanos durante a juventude.

Isto foi conquistado através de melhores medidas no combate às doenças infecciosas, como a descoberta de antibióticos, melhores acompanhamentos da gestação e melhorias na higiene em geral. Mais recentemente, porém, o aumento na expectativa de vida é principalmente percebido nos indivíduos idosos. Em todo o mundo, houve um aumento na expectativa de vida do indivíduo aos 60 anos de idade.

Dados indicam que houveram seguidos aumentos neste número para os homens de 16,6 anos em 1992 seguido de 18,5 anos em 2012. Para as mulheres, esse aumento indica a diferença de 19,7 anos em 1990 para 20,5 anos em 2012. Nunca antes na história humana tantas pessoas idosas viveram em nosso planeta.

De acordo com dados perspectivos obtidos pelas Nações Unidas, uma em cada cinco pessoas em todo o mundo terá mais de 65 anos até 2035. Embora o tempo de vida dos seres humanos em geral esteja aumentando constantemente, alguns podem viver por 50, 60 anos, enquanto outros chegam (e até ultrapassam) os 100 anos de idade.

O registro oficial da maior expectativa de vida humana confirmada pertence a uma mulher francesa, oriunda de uma família caracterizada pela vida longa, a Sra. Jeanne-Louise Calment.

Jeanne faleceu em agosto de 1997, próxima de completar 123 anos.

O estudo de casos como o da Sra. Jeanne levou os pesquisadores à certeza de que a longevidade é um fator de caráter genético. Atualmente as pesquisas não se baseiam somente no tempo de vida de um indivíduo, mas também na qualidade de vida tida durante o tempo de vida, uma vez que o envelhecimento biológico em si é um fator de risco para diversos tipos de enfermidades como doença de Alzheimer, Parkinson, problemas mentais, problemas cardiovasculares, diabetes e outras.

Como a pesquisa do longevidade se desenvolveu?

No ano de 1983 o cientista Michael Klass pôde analisar a relação entre os genes e o tempo de vida em organismos modelo e este foi o primeiro passo para que as portas das pesquisas se abrissem à manipulação genética do tempo de vida. Ainda que não seja possível fazer este tipo de procedimento com seres humanos, muita contribuição científica permitiu que nós possamos aprimorar nossos mecanismos de combate ao envelhecimento e doenças relacionadas.

A questão fundamental com a qual nos deparamos neste ponto é: por que algumas células são mortais, enquanto outras têm capacidade infinita de replicação?

O material genético dos seres humanos evoluiu e sobreviveu por milhares de anos, do surgimento da vida na Terra, até o momento atual. E ainda que nós sejamos distintos de animais e plantas, o DNA celular tem essencialmente a mesma composição química ainda que se tratem de organismos diferentes. Semelhanças e diferenças entre organismos ocorrem somente devido à sequência de DNA única de cada espécie.

Danos e reparos ao DNA

Quando pensamos na palavra dano em si, fica óbvio o caráter negativo de consequências que o termo tem. Os danos que ocorrem no nosso DNA têm uma ligação muito íntima com o processo de envelhecimento.

Uma das razões pelas quais envelhecemos é a instabilidade do nosso genoma, ocasionada pelo acúmulo de danos ao nosso material genético. A teoria de danos ao DNA do envelhecimento postula que o acúmulo de alterações no DNA resulta na perda de fidelidade funcional de células individuais. Danos que ocorrem no DNA podem afetar o genoma nuclear e o DNA mitocondrial.

A falha em replicar o material genético ou corrigir erros introduzidos por agentes genotóxicos pode alterar a expressão gênica e criar produtos proteicos aberrantes. Desta forma, a instabilidade do genoma é considerada como um fator chave em várias doenças relacionadas à idade, incluindo a formação de tumores.

Danos no DNA são inevitáveis e todos os seres humanos estão diariamente expostos a diversos fatores ambientais, como a radiação, que desempenham papel crucial nas alterações genéticas. Além dos fatores externos, nós ainda contamos com agentes reativos advindos do nosso próprio metabolismo que contribuem para danificar o DNA.

Um estudo recente realizado em ratos estimou que podem haver milhares de alterações de DNA ocorrendo por célula, por hora. É um grande número de lesões que requer claramente uma ação minuciosa de reparo do DNA para reverter as bases de DNA danificadas ao seu estado inalterado inicial.

Mas felizmente, o nosso organismo desenvolveu um mecanismo que reverte diretamente a maioria das alterações que ocorrem na divisão celular e replicação do DNA. De forma simplificada, este mecanismo de reparo é específico e reconhece a região do DNA como alvo a ser reparado.

Várias doenças humanas que possuem relação com o envelhecimento prematuro estão ligadas a defeitos na manutenção e estabilidade do genoma. Exemplos incluem anemia de Fanconi, disqueratose congênita, síndrome de Werner e muitos outros. Isto aponta para o papel central da fidelidade de replicação e do reparo do DNA no envelhecimento.

Doença/SíndromeExpectativa de vida
Síndrome de Werner47 anos
Hutchinson-Gilford13 anos
Síndrome de Cockayne13 anos
Anemia Fanconi30 anos
Síndrome de Bloom27 anos

As síndromes raras de envelhecimento precoce, assim como os centenários, servem de modelo para os estudos de longevidade.

Telômeros e telomerase

Se você é interessado em assuntos relacionados à longevidade, é muito possível que você já tenha ouvido falar sobre telômeros.

Telômeros são estruturas compostas por sequências repetitivas de DNA, localizadas nas extremidades dos cromossomos. Eles desempenham um papel crucial na proteção dos cromossomos e na estabilidade do genoma. Uma analogia comum usada para entender os telômeros é pensar neles como os “capacetes” protetores dos cromossomos.

À medida que as células se dividem, os telômeros encurtam. Esse encurtamento progressivo dos telômeros está associado ao envelhecimento celular e ao desenvolvimento de doenças relacionadas à idade. Quando os telômeros se tornam muito curtos, as células podem entrar em um estado de senescência ou morrer, o que contribui para o envelhecimento e para o desenvolvimento de doenças relacionadas à idade, como câncer e doenças cardiovasculares.

Uma enzima chamada telomerase é responsável por adicionar repetições de sequências de DNA aos telômeros, compensando o encurtamento que ocorre durante a divisão celular. A atividade da telomerase é regulada de forma complexa e varia entre diferentes tipos de células e em diferentes estágios do desenvolvimento humano. Pesquisas sobre telômeros e telomerase têm implicações importantes para a compreensão do envelhecimento, da biologia do câncer e do desenvolvimento de terapias relacionadas à idade.

Muito frequentemente os telômeros são referidos como marcadores do tempo de vida do indivíduo. Olhando para a função dos telômeros, isoladamente, parece fácil encontrar a fórmula da vida mais longa, basta evitar o encurtamento dos telômeros!

E é óbvio que esse já foi um dos focos dos cientistas na busca pela longevidade – inclusive é muito fácil encontrar suplementos que aumentam a atividade da telomerase, enzima que compensa o encurtamento dos telômeros. E por que essa solução mágica não está sendo difundida aos quatro cantos do mundo? A resposta é simples: existe algo que ninguém te conta sobre a atividade da telomerase!

Aumentar a atividade da telomerase significa dar o poder de imortalidade à célula. E existe uma grande relação entre a imortalidade da célula e o desenvolvimento de tumores – agora, provavelmente você já chegou à mesma conclusão que a maioria dos cientistas, em relação à telomerase!

A genômica do processo de envelhecimento celular relaciona a perda de telômeros com provável proteção das células humanas contra a proliferação anormal, ou seja, o processo natural de encurtamento do telômero é um mecanismo de defesa próprio do organismo. Sendo assim, se você tem uma célula se proliferando descontroladamente, a atividade da telomerase vai ser alterado na tentativa de cessar a proliferação e iniciar a morte da célula.

O esclarecimento do papel da telomerase em células normais e células malignas (câncer) é alvo de inúmeras pesquisas mundo afora, buscando as razões pelas quais esse mecanismo de defesa falha, como ocorre na maioria das células tumorais, ignorando a limitação de sobrevivência imposta pelo encurtamento dos telômeros.

Sumariamente, a cada divisão celular, algumas repetições do telômero são perdidas. Após um número finito de divisões celulares, a quantidade de telômeros curtos aumenta e a célula torna-se senescente ou morre pela apoptose, dependendo de como a célula responde ao dano no DNA originado de telômeros curtos. Teoricamente nenhuma célula deveria ter capacidade infinita de replicação e em tese, o câncer não deveria existir, uma vez que ele é sustentado pela imortalidade da célula.

O mecanismo de encurtamento dos telômeros é preciso, os níveis de telomerase são eventualmente regulados, aumentando ou diminuindo, de forma a estabilizar o genoma.

Um estudo analisou a variação mais comum do número de cópias genéticas no tumor mais frequente no ocidente, o adenocarcinoma pulmonar. A resposta encontrada foi a presença de ganhos do cromossomo 5p, que mapeia precisamente o gene TERT. O gene TERT fornece instruções para a síntese da enzima telomerase e de fato, a amplificação do gene TERT (ou seja, o aumento na atividade do gene) é frequentemente vista em painéis genéticos de alterações do câncer. Uma das formas pelas quais as células tumorais estabilizam o telômero é através da regulação positiva do gene TERT, em que as mutações no gene TERT permitem expressão de níveis mais elevados de telomerase.

Tenha em mente que quanto mais telomerase, maior potencial de imortalidade da célula.

Mutações nos promotores dos genes TERT e TERC humanos, ambos responsáveis por processos da telomerase, foram descritas em muitos tumores, como pode ser observado no gráfico abaixo:

Genes hTERT/TERC – Prevalência de mutações em diversos tipos de tumores. Fonte: cBioPortal for Cancer Genomics

Tenha cautela com ativadores de telomerase

O Astragalus é um composto muito difundido nas buscas por suplementos para longevidade. Isso porque ele tem efeito na estimulação e aumento da atividade da telomerase. O Astragalus age diretamente sobre o gene hTERT que ativa a enzima telomerase, com a promessa de alongar os telômeros.

O TA-65 é um Astragalus patenteado, muito popular entre os médicos entusiastas da longevidade. O efeito do TA-65 é tão proeminente que o próprio fabricante aconselha que a pessoa realize um teste de medição “antes” e “depois” do uso do suplemento para verificar as mudanças reais no comprimento dos telômeros.

Por fim, outro suplemento que ficou muito popular nos últimos tempos é o Telogen, que nada mais é do que Astragalus combinado com outros compostos, com a promessa de promoção da longevidade, por meio de mecanismos epigenéticos.

Promova longevidade de forma segura

A conclusão que podemos chegar é que alterar o funcionamento dos telômeros ainda não é a melhor forma de aumentar a longevidade, mas você é livre para tentar! Você só precisa se assegurar de que não há nenhuma célula com proliferação aumentada no seu organismo.

Em artigos futuros, abordaremos outras formas de aumentar a longevidade – e como elas podem impactar positiva ou negativamente o seu organismo, como células-tronco, jejum intermitente e restrição calórica, ativação de FOXO3, ativação de sirtuínas, uso de metformina, uso de rapamicina, etc!

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Respostas para: "É possível aumentar a longevidade, em termos de tempo de vida? Parte 1: Telômeros"

Respostas de 2

  1. Vou passar longe de astragallus, essa foi a melhor explicação que ja vi! Estão de parabéns!

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