Você já se perguntou o porquê de, em algumas situações, o corpo não ser capaz de inibir a inflamação? A genética está intimamente relacionada com a inflamação e em algumas pessoas essa relação se dá pelo inflamassoma NLRP3. Este inflamassoma é como um amplificador que ativa a resposta inflamatória.
O que é o NLRP3?
NRLP3 é um eixo central para a ativação do inflamassoma, que é a parte do sistema imunológico responsável por ativar o sistema de resposta inflamatória do corpo. O inflamassoma NLRP3 tem importantes funções no organismo e é ativado por patógenos (por exemplo, infecção bacteriana ou viral), erros de replicação de DNA em uma célula (por exemplo, mutações que causam câncer), danos celulares, como lisossomos que se rompem e disfunção mitocondrial.
Ao mesmo tempo que o NLRP3 tem um papel importante, o equilíbrio da sua sinalização é fundamental, uma vez que a ativação excessiva do inflamassoma de NLRP3 causa inflamação crônica e aumenta a suscetibilidade a uma série de doenças como síndromes inflamatórias intestinais, artrite reumatoide, doença cardiovascular, doença de Alzheimer, diabetes tipo 2, gota etc.
O que acontece quando o NLRP3 é ativado?
Quando ativado por um patógeno ou em sinal de risco celular, como no excesso de espécies reativas de oxigênio, o inflamassoma NLRP3 aumenta a secreção de pró-IL1β e IL-18, ambos precursores de citocinas inflamatórias. As citocinas inflamatórias IL-1B e IL-18, quando em excesso, causam piroptose, uma forma inflamatória de morte celular.
Essa morte celular inflamatória, a piroptose, é uma resposta fundamental do organismo no combate a patógenos intracelulares, que podem ser bactérias ou vírus. A morte celular abrupta impede a replicação dos organismos invasores e permite que o sistema imunológico exerça sua função. No câncer, o NLRP3 é uma faca de dois gumes, pois sua ativação é necessária para a destruição das células cancerosas, porém a ativação crônica do inflamossoma pode levar a doenças inflamatórias ou autoimunes que podem complicar a vida do paciente com câncer.
Doenças crônicas associadas ao excesso de NLRP3:
– Gota: é causada por cristais de urato monossódico na articulação. O urato monossódico é um dos gatilhos da ativação de NLRP3 do inflamassoma.
– Doenças autoimunes: doenças como a esclerose múltipla causam superativação da microglia e a ativação do inflamassoma NLRP3.
– Doença de Alzheimer: o depósito de placas beta-amiloide no cérebro ativa o inflamassoma NLRP3, aumentando a IL-1B no cérebro.
– Aterosclerose: o acúmulo de placas nas artérias também envolve a ativação do NLRP3 e uma resposta inflamatória crônica. A cardiolipina é um fosfolipídeo que faz parte da membrana mitocondrial e nas placas ateroscleróticas, a cardiolipina oxidada se acumula. A cardiolipina é um gatilho da ativação do NLRP3 quando ela se move da membrana mitocondrial interna para a membrana externa na disfunção mitocondrial.
– Diabetes tipo 2 e resistência à insulina: ambas têm ligações com a inflamação crônica de baixo grau devido à ativação do NLRP3. As proteínas NLRP3, IL-1B e IL-18 aumentam em pessoas com diabetes tipo 2.
Doenças raras causadas por mutações no NLRP3 incluem:
– Síndrome da febre periódica associada à criopirina (CAPS): é uma síndrome autoinflamatória rara que pode ser causada por mutações no NLRP3. Os sintomas incluem febre, erupção cutânea com coceira, conjuntivite, dores de cabeça, perda de audição e dor nas articulações.
– Síndrome de Muckle-Wells: trata-se de uma síndrome autoinflamatória causada por raras mutações no gene NLRP3. Os pesquisadores agora consideram essa síndrome como um tipo de CAPS. Os sintomas incluem episódios de febre, calafrios e dores nas articulações. Muitas vezes é agravado pelo frio. Os sintomas adicionais da síndrome de Muckle-Wells incluem conjuntivite recorrente (olho rosa), perda auditiva progressiva e acentuada com a idade e possivelmente amiloidose.
– Síndrome autoinflamatória familiar induzida pelo frio: é outro subconjunto mais brando de CAPS. Também causada por mutações raras no gene NLRP3, a síndrome autoinflamatória familiar ao frio (ou urticária) é desencadeada pela exposição ao frio. Os sintomas incluem febre, dor nas articulações e erupção na pele com coceira.
COVID-19 e inflamação
Casos graves de COVID-19 têm uma forte associação com a resposta inflamatória descontrolada. O artigo “Inflammasomes are activated in response to SARS-CoV-2 infection and are associated with COVID-19 severity in patients” mostra que o inflamassoma NLRP3 é ativado no COVID-19 e pode contribuir para a gravidade e mortalidade.
O que fazer caso eu tenha mutações no gene NLRP3?
– Mantenha boa ingestão de zinco: um estudo animal recente mostrou que a deficiência de zinco acelerou a perda de memória em um modelo de doença de Alzheimer por meio da ativação aumentada do inflamassoma NLRP3. Os alimentos que são ricos em zinco incluem ostras, carne bovina, caranguejo, lagosta, frango, porco e sementes de abóbora.
– Óleo de CBD: diminui a inflamação, em parte, por meio da inibição do inflamassoma de NLRP3. É importante lembrar que o CBD pode não funcionar para todos.
– EGCG: encontrado no chá verde, pode ajudar a suprimir a ativação do NLRP3.
– Níveis suficientes de vitamina D: são importantes na modulação da resposta inflamatória do corpo. O receptor da vitamina D é um regulador da ativação do NLRP3. Estudos em animais mostram que a vitamina D3 é importante na inibição da ativação excessiva do NLRP3.
– Dieta: A ativação do NLRP3 é importante na resistência à insulina e no diabetes tipo 2. A dieta mediterrânea aumentou a sensibilidade à insulina em portadores da variante NLRP3 não diabéticos. Infelizmente, nenhum benefício foi observado para pacientes diabéticos.
– Glicirrizina: presente no alcaçuz, inibiu o NLRP3 em estudos de células e estudos em animais. Certifique-se de verificar as interações medicamentosas, especialmente para medicamentos que controlam a hipertensão.
– Quercetina também inibe a ativação de NLRP3 em estudos de células e animais.
– Oridonina: é um componente da erva medicinal tradicional chinesa Rabdosia rubescens. Estudos mostram que a substância é um forte inibidor do inflamassoma NLRP3.
– Ácido caféico do própolis de abelha: tem alguns efeitos supressores nos níveis de NLRP3.
– Azul de metileno: os efeitos neuroprotetores do azul de metileno são, pelo menos em parte, via inibição da ativação de NLRP3 na microglia.
Referências:
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6240225/
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6600669/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31997770/
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7463618/
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3812809/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30175395/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30175395/
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7684031/
- https://www.jneurosci.org/content/41/13/3025.abstract
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7876066/
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6600669/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32237257/
- https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29573224/
Quer conhecer suas variantes genéticas de NLRP3 e muitas outras? Peça seu Versa Full agora mesmo!
Respostas de 2
dicas muito boas, de verdade
Ali fala que cbd pode não funcionar pra todas as pessoas, mas como que fica sabendo se o cbd vai funcionar? Se alguem puder ajudar, por favor!